terça-feira, 31 de maio de 2011

Eu tive Síndrome HELLP


Quando engravidei fiquei um pouco assustada, mas muito feliz. Quando descobri que era menina fiquei em êxtase porque meu marido queria muito uma menina. Foi uma gravidez tranquila, sem enjoos, ela começou a complicar com 25 semanas, quando descobri que estava com pressão alta.

Comecei a tomar remédio para pressão alta, cortei o sal da alimentação, parei atividade física, e minha vida se resumia a aferir a pressão. Minha médica não levou muito a sério.

Estava tão feliz por estar esperando minha princesa Raissa que preparei o enxoval dela com muito amor, eu e meu marido fomos para Miami e compramos tudo de maravilhoso para ela.

Voltei de Miami muito inchada, minha médica pediu alguns exames de sangue, urina e o ultrassom de Doples, fiz todos. Quando fui fazer o ultrassom a Drª Liliane ficou muito preocupada, dizia que tinha que falar com a minha médica com urgência porque estava com alguns problemas e seria necessário fazer o parto.

Eu estava de 30 semanas, minha bebê estava com 34,5cm e 1kg, muito magrinha, a pressão alta estava dificultando a passagem de alimento pela placenta e ela não estava ganhando peso.

Fui para casa com meu marido umas 20hs e não consegui falar com a minha médica, depois de um tempo a Drª Liliane me liga de novo, em casa e disse que não tinha conseguido falar com minha médica, mas era melhor eu me internar porque poderia acontecer alguma coisa comigo e com a bebê.

Nesse interim peguei o resultado dos meus exames pela internet e fiquei preocupada, estavam todos muito alterados, mas demais mesmo, meu rim, meu fígado estavam comprometidos e estava com uma anemia profunda (minhas plaquetas estavam muito baixas).

Liguei para um casal de amigos que foram fantásticos e a Elaine que é obstetra me levou direto pro Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto para me internar. Lá foram feitos todos os exames novamente e tomei medicação para amadurecer o pulmão da bebê.

Fiquei 2 dias internada, minha bebê nasceu no dia 18/05/2011 às 06h35min, ela chorou, e nasceu super bem, mesmo sendo pequenininha, estava cheia de esperança e fé que tudo ficaria bem.

Eu fiquei bem, a cesária foi tudo bem, não tive nenhum problema.

Minha bebê teve uma complicação e veio a óbito dia 19/05/2011, foi o dia mais triste da minha vida, mais angustiante, minha princesa, tão desejada, tão amada, tão esperada tinha virado um anjinho. No pior momento da minha vida meu marido, nossa família e nossos amigos nos deram muita força, e teve uma corrente de orações. Não entendi porque meu marido dizia que Deus tinha me salvado.

Depois que tive alta o casal de médicos nossos amigos (Elaine e Fábio) vieram em casa me explicar o que realmente aconteceu.

Tive a Síndrome HELLP que é uma complicação obstétrica com risco de morte, sendo considerada por muitos uma variação da pré-eclâmpsia. Ambas as condições podem aparecer na gravidezou as vezes após o parto. HELLP é a abreviação dos três principais elementos da síndrome: H - Hemólise, do inglês: Hemolytic anemia; EL - Enzimas hepáticas elevadas, do inglês: Elevated Liver enzymes; LP - Baixa contagem de plaquetas, do inglês: Low Platelet count; Essa síndrome se acompanha de aumento da morbidade e mortalidade da mãe e/ou da criança. A morbidade ou mortalidade da mãe depende do avanço e gravidade da síndrome, enquanto do feto depende de sua idade gestacional.

Meu quadro estava muito grave, foi um milagre eu não ter complicações no parto e nem sequelas.

Tenho que agradecer muito a Drª Liliane, ao Dr Ricardo, a Drª Viviane e aos amigos Elaine e Fábio, que foram meus anjos da guarda e cuidaram de mim e da minha bebê. Minha médica que me acompanhou durante toda a gravidez e por 14 anos foi negligente, não me explicou sobre os riscos, não pediu exames quando a pressão começou a subir, estava tratando minha gravidez que era de risco como uma gravidez normal, eu poderia ter morrido!!!

É difícil explicar como eu me sinto, estou me recuperando de uma cesária sem bebê, é um vazio imenso, por vezes começo a chorar do nada, penso nas coisas que comprei com tanto amor para ela e ela nunca vai usar!

Posso ter outros filhos, Graças a Deus, mas sempre terei que ficar atenta a pressão alta na gestação, optei por fazer acompanhamento com o Dr Ricardo Cavalli no HC porque ele é especialista em gravidez de alto risco.

Estou vivendo um dia de cada vez, Deus está me dando força e esperança, meu marido está sendo perfeito, nem tenho palavras para descrever o quão grande é seu apoio e amor.

Nossos amigos e nossos familiares estão sendo maravilhosos, pelas orações, palavras, apoio, nunca me senti tão amada e querida.

Sei que minha dor vai passar, mas enquanto ela não passa o que posso fazer é dividir com vocês o que aconteceu comigo para ficarem atentas.

Obrigada a todos pela força. Marido te amo muito, mais que tudo na minha vida. Família e amigos amo vocês também.